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Como ter um casamento saudável?

Mudanças culturais, de costumes e valores da nossa sociedade influenciaram a forma como encaramos o casamento nos últimos anos. O “até que a morte os separe” perdeu a força e os filhos já não são mais o motivo pelo qual o casal permanece casado. Segundo pesquisa do IBGE, o Brasil registrou 331,2 mil divórcios em 2020. Deste montante, praticamente a metade (49,8%) se separou antes de completar 10 anos juntos. Os casamentos têm durado cada vez menos no País.

Os dados confirmam: manter um casamento não é tarefa fácil. Antes de casar, algumas pessoas idealizam a família margarina: momentos de prazer, alegria, romance e diversão! Só que a vida é feita de momentos incríveis e outros que gostaríamos de esquecer. Por isso, o casamento precisa ser firme como uma rocha para atravessar as adversidades.

Já observou que todo mundo tem uma história sobre casamento para contar? Aqueles que fazem parte da turma que acredita no matrimônio contam histórias sobre quem comemorou bodas de ouro, enfrentou dificuldades e venceu. Já quem não acredita, só vai te procurar para contar que aquele casal famoso se separou ou que fulano e beltrano estão na crise dos sete anos. É porque algumas pessoas veem o casamento como um problema e outras veem como uma possibilidade de um melhorar o outro.

Para mim, o casamento é um desafio. Veja bem, são duas pessoas com histórias, culturas, pensamentos, crenças e experiências diferentes, que escolhem dividir uma vida em comum. Estou casado há 28 anos e costumo dizer que nos primeiros cinco anos, por responsabilidade minha, muitas vezes andamos para trás. Nos cinco que se sucederam, não conseguíamos melhorar nossa relação, mas não desistimos, seguimos em frente. Somente a partir do décimo ano é que conseguimos evoluir. Em parte, porque compreendi que precisava relevar algumas coisas, mudar alguns comportamentos e amadurecer.

A verdade é que acabamos depositando no outro a responsabilidade que, de fato, é nossa. Queremos um casamento perfeito, de contos de fadas, mas não agimos como um príncipe ou uma princesa. A gente colhe o que planta, não é mesmo? O casamento só evolui quando, diante de alguma dificuldade, os dois se propõe a superar juntos. Existe um texto na bíblia que diz assim:

“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo”Efésios 4:26-32

Em outras palavras, não vá dormir brigado com o seu parceiro. Um casamento pode ir de mal a pior quando os pequenos desentendimentos do dia a dia não são resolvidos. Com o tempo, acumulam-se e ganham uma proporção avassaladora, afundando o casal em um mar de problemas. Quando chega nesse ponto, é dever tanto da mulher quanto do homem buscar uma solução, afinal, cada um tem 50% de responsabilidade.
No mundo dos negócios, costuma-se dizer que as sociedades compostas por dois sócios são as mais desafiadoras, porque essa configuração pressupõe o consenso entre ambos em qualquer circunstância, mas nem sempre isso vai acontecer, afinal, são pessoas diferentes, com opiniões distintas. Quando as diferenças se sobrepõe à postura de cooperação e o sentimento de confiança mútuo, a empresa corre risco de vida no longo prazo. No casamento funciona assim também.

Outra questão importantíssima, é a base do relacionamento. Imagine o projeto da construção da casa da sua família. Se a fundação não for firme, qualquer tremor, vendaval ou temporal pode colocar a vida de quem você mais ama em risco. A responsabilidade do engenheiro é enorme, certo? Bom, o casamento funciona assim também. Quando a base é firme, as dificuldades chegam, vocês dão aquela balançada, elas vão embora, e vocês continuam firmes. A base do meu casamento é cristã, procuro seguir os ensinamentos de Jesus e acredito que eu, minha esposa e Deus somos um cordão de três dobras. Deus está entre nós, sempre.

Minha esposa e eu acreditamos também para, muitas vezes, precisamos deixar de ser ensimesmados. Porque nem sempre seremos prioridade, nem tudo é como a gente quer. Alguns casamentos não progridem quando cada um olha para o próprio umbigo e acredita ser melhor que o outro. Essa dinâmica implica uma postura assim: reativa, julgadora, crítica e simplificadora. Dessa forma, a pessoa reage ao problema no impulso, julga o parceiro, constrói uma opinião baseada em julgamento e ao simplificar o problema, não se coloca no lugar do outro e ainda se exime da responsabilidade. Pode ter certeza: esse casamento é razoável.

Como seria o comportamento de um casal saudável? Baseado em um diálogo, e não uma discussão, com a seguinte dinâmica: considerar, avaliar, justificar com dados e analisar as opções. Vamos ao exemplo com uma situação cotidiana. Vocês estão decidindo onde vão passar o dia das mães e um dos dois fala: na minha mãe. O outro reage: “não quero ir”. Depois, julga: “sua mãe só fala de dinheiro”. Por fim, simplifica: “não vou, se quiser, vá sozinho”. Já em uma dinâmica cooperativa, o parceiro considera que, sendo a melhor pessoa ou não, a sogra é mãe do cônjuge. Depois, avalia se é possível ir e abstrair esses problemas. Justifica então que, se em algum momento permanecer calado, é para evitar conflitos. Por último, analisa a opção de ir ou não.

Resumindo: se você reage, se você julga, se você opina e você tenta simplificar tudo, o seu casamento pode estar sendo vivido por um único ser, você. Agora se você considera, se você avalia, se você justifica os fatos, se você analisa opções suas e de seu cônjuge, o seu casamento é vivido a dois.

Mais um detalhe de suma importância: qual é o perfil do seu parceiro? O dominante é firme e decidido, toma as rédeas da situação e faz acontecer. O influente é comunicativo, é amigável, gosta de conversar. Já uma pessoa estável, é paciente, conciliadora, não entra em conflito. Seu parceiro também pode ser analítico, é aquele detalhista, que preza pela organização e o planejamento. Se você não conseguir identificar o perfil, não saberá lidar da melhor forma com a pessoa.

O dominante espera que o seu cônjuge esteja confiante e focado na resolução do problema, portanto, seja breve, diga o que quer e estabeleça prazos. Por outro lado, se a pessoa é influente, dedique tempo para as conversas, ouça atentamente o que ela tem para dizer e prefira interagir de forma descontraída. Notou que seu companheiro é estável? Seja a pessoa com quem ele pode contar, seja paciente, evite discussões. Já com a pessoa analítica, organize-se com antecedência, forneça dados precisos e úteis, respeite prazos e horários. Compreende a importância de saber identificar o perfil do seu companheiro?

O casamento exige muita paciência, compreensão e disposição. Não existe receita ou raciocínio lógico-matemático, apenas duas pessoas que diariamente escolhem permanecer juntas, resolver problemas juntas, dialogar sobre as circunstâncias e compreender a personalidade de cada um. A relação saudável é uma construção.

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