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Investimentos financeiros é um assunto até tranquilo quando comparado a questões da alma e do coração.

Nesses casos, conselhos e opiniões precisam ser bem analisados, todo cuidado é pouco, eu diria. Neste sentido, pergunto: quer mesmo um conselho ou opinião? Escolha bem para não errar e se frustrar.

Sobre dar ou vender conselhos

Nem sempre os ditados populares traduzem uma verdade absoluta. Um exemplo: “Se conselho fosse bom não se dava, se vendia”. Isso vai depender muito da pessoa que está buscando aconselhá-lo. Quem gosta e respeita você, jamais venderia algum conselho, pelo contrário. Um verdadeiro amigo só quer ajudá-lo a vencer aquele obstáculo que a vida lhe impôs naquela situação específica.
Obviamente, existem profissionais que ganham a vida, aí sim, vendendo conselhos. São profissionais, e não amigos. Para isso, costumam encarar muita pesquisa e estudos na área em que atuam para oferecer algum tipo de mentoria que possa favorecer a pessoa com conselhos, ou mesmo opiniões que vão ajudar na tomada de decisões.
Conselho é diferente de opinião, bom não confundir. Emitir uma opinião é algo mais delicado e pode até ferir o outro, pois geralmente a opinião vem carregada de juízo de valor e é proferida por quem não viveu aquele tipo de situação. A opinião, porém, pode até surgir após muito estudo no campo teórico de determinado assunto, portanto pode ser válida. O problema é quando a opinião se limita apenas a um “pitaco”, uma necessidade que muitos sentem de abrir a boca para comentar sobre a vida alheia.
Perceba que, neste jogo comunicativo, seja conselho, opinião ou mesmo pura e simples fofoca, o mais importante é a deglutição da mensagem recebida. O que está em jogo é como o receptor vai encarar aquela informação, e não em si a atitude do emissor. Ou seja: tudo pode ser útil para a sua vida, e para isso o exercício de não levar tão a sério a opinião alheia é bem adequado para exercitar uma espécie de filtragem de tanta informação que a gente recebe.
Quer um exemplo prático? Trocar de carro. Você já notou que as pessoas acabam criando uma empatia errônea com coisas materiais? Ou seja: se você perguntar para o seu pai, que tanto ama um Volkswagen, ele jamais ficará contente com a sua decisão de investir em um novo carro da Chevrolet. Portanto, em casos em que toda a questão fica por demais subjetiva, talvez a melhor saída mesmo seja investir em uma intuição própria na tomada de decisões.
Investimentos financeiros é assunto até tranquilo quando comparado a questões da alma e do coração. Nesses casos, conselhos e opiniões podem ser extremamente perigosos, pouquíssimos aconselháveis, eu diria. Neste sentido, pergunto: quer mesmo um conselho? Nunca peça conselhos a conhecidos seus e de seu cônjuge, por exemplo, quando o assunto envolve um relacionamento amoroso. A consequência pode ser desastrosa, e, no fim das contas, costuma-se perder amizades em detrimento ao conselho ou opinião recebidos. Quando o assunto é relacionamento a dois ou amoroso, o melhor mesmo é partir do zero, perdoando e dando mais uma chance ao amor.
Em todas as décadas que tenho vivido e me permitindo ser um observador atento das relações humanas, noto que o fator “idade” é mesmo determinante para que obtenhamos bons conselhos. Pessoas mais velhas já se iludiram e se desiludiram, já não estão equivocadamente tão empolgadas, já não nutrem tantas expectativas com tudo o que ocorre na vida, e isso não se trata de pessimismo. A tendência é de realismo, assertividade e racionalidade. Portanto os conselhos dos amigos ou parentes que estão na turma dos 60+ tendem a nos ajudar bastante.
Traduzindo tudo isso, o grande x da questão se chama vivência, experiência de vida e ter realmente vontade de ajudar o próximo. Não é muito adequado perguntar sobre os desafios do casamento para um eterno solteirão, assim como é despropositado encarar como verdade absoluta as dicas financeiras de quem jamais conseguiu sair do vermelho, e que talvez esteja justamente se apropriando da pecha de “conselheiro financeiro” para, quem sabe, tentar finalmente ganhar um dinheirinho.
No universo tão amplo que abrimos ao analisar um simples ditado popular, o de que se conselho fosse bom seria comercializado e não doado, podemos, concluindo, elencar três níveis de definição: o nível da opinião, em que a pessoa estudou, mas não praticou sobre aquilo; o nível do conselho, em que nem sempre a pessoa viveu aquilo, mas sabe de alguém próximo que já viveu e que transmitiu aprendizado; e o nível da vivência, sendo este o melhor para você receber instrução, pois esta pessoa já sentiu na pele aquele tipo de situação (pode inclusive ter sofrido para ter aprendido) e saberá muito bem orientá-lo para a melhor direção. Então: Quer uma opinião ou conselho? Pondere sempre o que recebe e aposte mais na vivência de quem pode lhe ajudar.